A imaginação na ficção é como uma chapa xilográfica, onde o gravador cria um mundo irreal, imaginário e invertido, como se o espaço sofresse uma reflexão especular (ver Figura 1). A impressão xilográfica seria a materialização deste mundo, uma projeção em nossos espaços familiares, tal a escrita. Nisto, pode haver surpresas, como o violeiro canhoto (ver Figura 2), que felizmente veio acompanhado de uma espécie de viola com a ordem de suas quatro cordas invertidas (provavelmente o artista quis gravar um cavaquinho, que tem quatro cordas afinadas normalmente em ré-si-sol-ré. Mas, como apresentado nesta impressão xilográfica, teria que ter suas cordas montadas invertidas, em ré-sol-si-ré, para adaptar-se ao nosso músico canhoto). E a música continua a alegrar-nos.
Figura 1 – Cópia digital de uma chapa xilográfica do gravador José Costa Leite, nascido em Sapé, Paraíba, em 1927. Este artista, além de Poeta do Cordel, é um dos maiores e mais importantes xilogravuristas do Brasil, tendo se iniciado nesta arte muito jovem. Já expôs suas obras em muitos estados brasileiros e no exterior, como em Nova York e Santiago do Chile.
Figura 2 – Aqui apresentamos a chapa da Figura 1 espelhada digitalmente, tal uma impressão xilográfica. Comparando as duas figuras, notamos que as iniciais do gravador, JCL, estavam inicialmente invertidas, na Figura 1, assim como todo o motivo artístico.